Um objectivo claro como a água
Agosto 25, 2015Beatrice Trussardi – Diretora geral, patrocinadora das artes e mãe.
Agosto 28, 2015«Nós artistas, empreendedores artísticos e investigadores acreditamos em conjunto na necessidade de um espaço emblemático, localizado em Veneza, dedicado a expor e celebrar a extraordinária cultura européia. Com um centro e laboratório dedicados às mudanças culturáis, encontros e projectos artísticos com europeus e pessoas procedentes de além do continente, sendo o nosso objectivo o de acalentar as nossas diferenças e fortalecer a nossa cultura comum.»
Por Karlyn De Jongh, Sarah Gold,
Valeria Romagnini & Rene Rietmeyer
«ESTRUTURAS PESSOAIS: Atravessando fronteiras» é a exposição inaugural do Centro Cultural Europeu, que foi criado em 2014. Esta exposição deve ser vista como uma plataforma para os artistas europeus e de outras partes do mundo apresentarem expressões pessoais dos seus pensamentos e vidas.
Há sessenta anos, o notável pioneiro da integração Europeia, o filósofo suíço Denis de Rougemont, acreditava numa Europa cultural, num continente onde a participação directa de pessoas iria além dos seus próprios estados, tendo a cultura como ingrediente vital para a reconstrução e reconciliação duma Europa pós guerra.
Hoje, a importância da cultura como parte integrante do paradigma da nossa sociedade de bem-estar ainda precisa ser reconhecida como tão ou mais importante que o crescimento económico. Para se alcançar uma Europa sustentável, o meio ambiente, os objectivos sociais e culturais têm de ser reequilibrados em oposição aos das finanças e a economia. A função da criação e do pensamento crítico, adoptado pelas artes e actividades culturais, também tem um papel significativo se os cidadãos conseguirem recuperar a confiança na Europa.
A razão para a existência de um espaço dedicado às artes e à cultura Europeias tem sua origem nas idéias de Denis de Rougemont. E seu futuro está nas mãos dos membros da “Geração Erasmus” de hoje, espalhada pelo território do Continente. Eles caracterizam-se pelos seus diversos lugares de origem, compartilhando o interesse pelo desenvolvimento de formas alternativas de aproximação, conciência e inquietude cultural e o estabelecimento de um conocimento que gere uma continua curiosidade pelo entorno. Num momento em que o saber procura-se nos lugares virtuais, a existência de um espaço tangível na cidade de Veneza oferece a todo o mundo a possibilidade de se encontrar e explorar, experimentar, documentar e mostrar uma união cultural.
A Fundação Mundial para a Arte (The Global Art Affairs Foundation- GAA) organizou a exposição «ESTRUTURAS PESSOAIS. Atravessando fronteiras» com este propósito em mente. Desde 2002, a Fundação GAA opera mundialmente organizando exposições e simpósios. Também publicou estudos e ensaios destacando temas filosóficos na arte contemporânea e na arquitectura, em particular sobre temas como «Tempo, Espaço e Existência», juntando artistas e arquitectos de diferentes orígens culturais e pontos de vista. Nesta exposição no Centro Cultural Europeu, também os conceitos «Tempo, Espaço, Existência» são centrais. Apresentam-se juntos artistas de todo o mundo, sem importar as preferências pessoais dos organizadores. Tão verdadeiramente quanto possível, a Fundação Global para as Artes tem o que pode ser visto como uma amostra das artes visuais europeias, em diálogo com vários artistas não europeus.
Embora o Centro Cultural Europeu seja o anfitrião desta exposição e a mostre como a sua primeira afirmação em Veneza, «ESTRUTURAS PESSOAIS: Atravessando fronteiras» não só inclui trabalhos de artistas procedentes do continente, mas também de outras nacionalidades, visando uma união global- uma preocupação partilhada sobre Tempo Espaço Existência, um diálogo que vai além das bases culturais, idade, raça e sexo. Yoko Ono disse-nos numa entrevista sobre o seu mais recente trabalho ACT PEACE (ACTO de PAZ), que foi feito especificamente para esta exposição: “Todas as raízes são raízes para a paz […] A verdadeira emoção que temos é o amor. O amor conquistará tudo”. [Nota dos organizadores: o amor deve conquistar tudo.]
O Centro Cultural Europeu reflete sobre a dinâmica da cultura Europeia e as suas influências, cómo a Europa é vista dentro e fora das suas fronteiras -no sentido mais abrangente da palavra- que têm de ser atravessadas para que nos desenvolvamos como seres humanos, por forma a compreender quêm somos. «Para cuidar das nossas diferenças e fortalecer a nossa cultura comum, este objectivo só se pode tornar uma realidade se nos abrirmos ao mundo que nos rodeia e se partilharmos o nosso pensamento sem qualquer preconceito,
«Encorajar as nossas diferenças e fortalecer a nossa cultura partilhada.”. Esta é a missão do Centro Cultural Europeu [ECC]: um lugar de reflexão, pesquisa e criação para encontros interdisciplinares, bem como um centro para investigação com recursos e experimentação. Neste centro estão reunidas as condições para as Artes Criativas em todas as suas formas: dança, performance, teatro, música, literatura, arquitectura, etc. O ECC é um lugar para o estudo dos problemas contemporâneos mais vitais, planeando e pensado para um futuro partilhado.
No contexto da Bienal de Veneza de 2015, o Centro Cultural Europeu apresenta «ESTRUTURAS PESSOAIS: Atravessando Fronteiras» em dois dos seus Palácios famosos na cidade, o Palácio Mora e o Palácio Bembo. A exposição mostra tanto artistas consagrados, como outros artistas cujas obras são menos conhecidas, representando assim uma amostra do que pode ser visto como arte nos nossos dias. A conexão entre os artistas é a expressão subjectiva individual, do seu pensamento em relação aos conceitos de Tempo, Espaço e Existência.
A exposição tem expostas na sua maioria trabalhos recentes ou pensados e executados específicamente para os dois locais de exposição. De acordo com o objectivo do Centro Cultural Europeu, a exposição apresenta uma grande variedade de suportes: video, escultura, pintura, desenho, fotografia e instalações. Uma vez que os mais de 100 participantes provêm de mais de 50 países e têm idades diversas, o tópico Tempo-Espaço e Existência é mostrado de forma pouco usual e desde pontos de vista necessariamente muito pessoais. Apesar de hoje ser fácil aceder ao conhecimento, e que esse conhecimento é crescentemente universal e global, a exposição mostra-nos que persistem nas expressões do desenvolvimento intelectual e emocional da arte contemporânea ainda grandes diferenças. Não só de cultura para cultura, mas dentro de cada cultura.
«ESTRUTURAS PESSOAIS. Atravessando Fronteiras» mostra as semelhanças e as diferenças entre europeus, em diálogo com obras de não-europeus.