Preto e Branco: A essência e as origens da vida
Agosto 25, 2015Estruturas pessoais: atravessando fronteiras
Agosto 25, 2015Uma mulher com grande influência, Nadja Swarovski, responsável por ter elevado um negócio familiar tradicional a um nível global no mundo da moda, design, arte e até cinema.
Por Reya von Galen
Muito antes de Rihanna ter usado aquele vestido na distribuição dos prémios da CFDA no ano passado- ornamentado com milhões de cristais, descobriu-se que os flashes dos fotógrafos o tornaram transparente, chocando todos, como se a própria cantora estivesse completamente nua- o nome Swarovsky tem estado desde sempre ligado ao glamour da passadeira vermelha de Hollywood, alta costura e joalharia e design de arte contemporânea.
A imagem da companhia mudou da produção tradicional de pequenos animais de vidro e binóculos para a colaboração com designers em ascensão que a Swarovski apoiou através da sua Colectiva, que Nadja Swarovski juntamente com Isabella Blow e Alexander McQueen fundaram em 1999. A Colectiva tem desde então patrocinado uma lista impressionante de artistas consagrados e de talentos criativos em subida no mundo da moda. Esta iniciativa foi inspirada por Issie Blow. A ligação profissional e pessoal de Nadja com esta extraordinária e inesquecível vanguardista, que infelizmente se suicidou, foi fulcral para o rumo que a companhia seguiu sob a sua direcção. Swarovski afirmou que a morte da sua amiga foi uma perda pessoal, e reconheceu que Isabella Blow foi quem a encorajou a colaborar com designers e a expandir a utilização e a aplicação de cristais em tecidos e na moda.
É, no entanto, a Nadja Swarovski que se atribui a brilhante e inovadora ascensão que a companhia seguiu desde o princípio do milénio. Quando em 1895 Daniel Swarovski inventou uma máquina de corte e brilho de cristal, em Wattens, uma pequena cidade Austríaca no Tirol, dificilmente imaginaria o sucesso que a sua companhia viria a registar com as gerações seguintes. Como uma das suas descendentes, Nadja, filha de pai austríaco e de mãe texana, cresceu no Tirol, Alemanha e Estados Unidos. Estudou História de Arte e Línguas Estrangeiras, e começou a sua carreira profissional na Galeria de Arte Gogosian em Nova Iorque. Casada com Rupert Adams, gestor de investimentos, mãe de três filhos, vive com a sua família em Londres, embora a sua actividade a obrigue a viajar frequentemente. Começou a trabalhar neste negócio familiar em 1995 e em 2011 tornou-se a primeira mulher no conselho executivo da companhia, onde é directora de comunicação corporativa.
1995 foi o ano do primeiro centenário da empresa, devidamente assinalado pela criação do Kristallwelten em Wattens, uma atracção turística que consistiu em uns espaços de cristais preciosos, criado por André Heller, artista austríaco. A tal estreita colaboração entre a Swarovski, designers e artistas assume deste modo uma função importante neste negócio. No começo, a companhia associou-se a designers de alta costura- Charles Frederick Worth, Jeanne Lanvin e Jean Patou- e mais tarde colaborou com Christian Dior e Coco Chanel. Tem um volume de negócios bem acima de 2 bilhões de euros e dá trabalho a mais de 26.000 pessoas por todo o mundo.
Contudo, até Nadja Swarovski deixar a sua marca na expansão e tendências de evolução da companhia, Swarovski tinha uma imagem muito conservadora. Através do Atelier Swarovski e da Colectiva, ela apoia e colabora com designers de moda como Alexander Wang, Proenza Schouler, Marios Schwab ou, mais recentemente, Victor & Rolf, Peter Piotti ou Iris von Herpen, Hussein Chalayan, Christopher Kane e Rodarte. Todos contribuíram para os desenhos e concepções contemporâneos com os quais Swarovski se identifica. Naturalmente há sempre um elemento de ostentação, ou o chamado “bling”, um inegável glamour associado ao brilho dos cristais cintilantes- a sobriedade não é a imagem de marca da Swarovski. E, no entanto, com as escolhas sábias que a companhia fez na selecção de designers garantiu que se evitou o kitsch. O objectivo de Nadja Swarovski é, portanto, bem claro: ela pretende não só dar apoio a designers e artistas em todo o mundo, tanto dando-lhes liberdade financeira como as ferramentas de marketing que eles desesperadamente necessitam e de que a sua empresa dispõe; assim, de caminho, favorece a propria Çreputação por apoiar uma visão de futuro criativa entre os líderes de opinião e clientes potenciais. Este tipo de publicidade é muito positivo para a companhia, pois supõe uma situação em que ambos são ganhadores e que é um testemunho do talento, intuição e perspicácia para os negócios de Nadja Swarovski.
Mas a sua constante corrente de ideias e a sua criatividade na promoção da empresa como um negócio de bens de luxo, e ainda como patrocinadora da arte contemporânea, chega a outros domínios: não só encorajou designers a experimentar novos caminhos, financiando as suas exposições, mas também encomendou a designers de joalharia como Sandy Powell, figurinista do recentemente estreado filme «Cinderela», para criar juntos uma nova colecção Swarovski. O departamento de joalharia gera 60% do volume de negócio da companhia e é fundamental para o seu sucesso. A outro nível, os lustres foram reinterpretados por pessoas como Ron Arade, Tord Bootje e os irmãos Bouroulec que inovaram e criaram com luzes LED e cristais Swarovski a iluminação para o Palácio de Versalhes. A Swarovski desde há nove anos colabora com a Arte Basel, onde Joyce Wang expôs uma muito aclamada instalação de luzes patrocinada pela Swarovski. A companhia tenciona claramente posicionar-se no mercado asiático, e para celebrar o 15º aniversário da Colectiva, escolheu dois designers chineses, Masha Ma e Huishan Zhang, para representar a empresa este ano junto aos outrosprofesionais do grupo.
Como se tudo isto não fosse suficiente para preencher já várias vidas e carreiras, Nadja Swarovski envolveu-se num novo tipo de negócio, financiando a produção de filmes: o primeiro deles é uma adaptação de «Romeu e Julieta» escrita por Julian Fellowes (o mesmo autor de Downton Abbey) e dirigido por Carlo Carlei. Foi co-produzido pela companhia com um orçamento de €15 milhões que embora diminuto, se julgado pelos padrões de Hollywood, já foi apresentado no Festival de Cannes de 2012 e aumentou ainda mais o portfólio da companhia.
E, por fim, Nadja lançou a Fundação Swarovski, com um programa ambicioso que vai desde o apoio a programas ambientais, a mais e maior protagonismo das mulheres; até projectos de conservação que criou com as chamadas escolas da água na Áustria, China, Índia e Uganda, reconhecendo com isso a escassez deste recurso primordial no futuro.
Uma visão clara do porvir e a ambição de contribuir, para a sua companhia como para a sociedade, são o que fazem esta mulher notável sobressair e distinguir-se doutros que talvez tivessem escolhido um caminho mais fácil que a fortuna da família lhe ofereceria. Nadja Swaroski-Adams escolheu lutar pelas suas convicções e pelo rumo para o qual a companhia deve evoluir. A compreensão que tem da arte e o apoio entusiástico a talentos criativos estão no centro de criação da Swarovski, permitindo estes criadores experimentar com as suas ferramentas e com as da empresa, sem restrições ou censura. O seu exemplo, espera-se, levará outros a seguirem-lhe os passos financiando capacidades criativas muitas vezes negligenciadas ou ignoradas pelo mundo dos negócios.