Beatrice Trussardi – Diretora geral, patrocinadora das artes e mãe.
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Setembro 22, 2015Numa recensão crítica do último livro de Manfred Zylla, Andreia Schlaier sugere que na pintura de Zylla a luxúria da crueldade está em todos nós . Este Alemão/Sul-Africano não discorda e até salienta que não foi o tema central da sua série, 120 Dias de Sodoma. No entanto, as 120 pinturas que levaram um ano a completar, são discutivelmente desde 1980 o seu trabalho mais transgressivo.
por Heidi Rasch
Embora os trabalhos tenham sido influenciados pela obra de Dante Alighieri e do Marquês de Sade, foi o último filme do realizador cinematográfico italiano Pier Paolo Pasolini, Salô que deu a Zylla a sua maior inspiração. Ao refazer a série para livro, Trevor Steele Taylor, foi a primeira escolha do artista como principal ensaísta. Taylor já se tinha encontrado com o artista na África do Sul em 1980 e conhecia bem a história de vida de Zylla bem como do seu trabalho e resistência. Mas foi a própria história de vida de Taylor que o fez ser o escritor escolhido para o cruzamento da publicação entre arte e cinema que era o pretendido. Aqui tínhamos um consumado conhecedor de filmes, reconhecido como o paladino do cinema alternativo, não conformista, excêntrico e frequentemente enveredando por filmes obscuros. Taylor é o curador dos seus próprios festivais que os programa apresentando verdadeiras preciosidades do cinema encontradas na periferia da contra corrente, filmes ou esquecidos ou considerados demasiado controversos.
Numa entrevista recente Taylor afirma que: « Zylla chega a Sade através da lente do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini. Pasolini é um dos cineastas mais politizados de sempre. Dito isto, é também um dos mais intelectualizados; Marxista com um profundo conhecimento da mensagem e vida de Cristo, e um homossexual que glorificava a energia natural e a inocência da sexualidade no seu sentido mais amplo» .
Segundo Taylor o último filme de Pasolini, Salô é : « cinema à beira do abismo. O livro de Sade fala-nos de um grupo de libertinos ( que representam o poder através da religião, da política, finanças e governo) que, usando o poder da sua riqueza, rapta um grupo de crianças filhas de gente rica para alcançar, mediante orgias ritualísticas, os seus desejos mais depravados . Pasolini recoloca estes acontecimentos na Itália fascista dos últimos meses da guerra, com o panteão de corretores do poder empanturrando-se na sua crueldade e luxúria pelo poder pelas crianças raptadas do proletariado. Esta série de pinturas de Zylla varia entre representações diretas de imagens do filme de Pasolini e referências colaterais ao consumismo moderno, à imolação nuclear, a violação de Gaia e o militarismo (os complexos industriais).»
Zylla disse sobre a série: « Como pintor quis imortalizar cenas específicas de filmes de Pasolini, criando pinturas pequenas e intimistas. Usei o esboço de um ecrã para enquadrar estas cenas e o elenco de personagens de Pasolini. Quis perturbar o contexto original e estabelecer na série uma sequência não sequencial. Queria que cada pintura tivesse a sua própria narrativa. As minhas pinturas não são imagens estáticas de filmes- elas têm o peso das minhas pinceladas complexas. Colectivamente a série é uma homenagem a Pasolini, mas talvez também reflita o mundo de hoje -em toda a sua brutalidade. Um mundo dominado , preso e lentamente sufocado pela luxúria do poder e o desejo de consumir. Esta é a visão que partilho com Pasolini. No livro baseei-me em várias vozes para comentar os tópicos principais da série. Nunca trabalhei assim antes com outros escritores, mas ao longo da minha carreira inclui textos no meu trabalho, colaborei com colegas artistas na África do Sul e na Alemanha, e provavelmente a meu maior que mais vezes recordo foi quando convidei a comunidade local a alterar os meus trabalhos artísticos».
Para além do ensaio de Taylor, o livro inclui textos de 31 escritores de várias origens, nacionalidades e profissões. Os escritores foram informados para que não fizessem referências ao trabalho de Zylla mas se focassem antes na contemporaneidade das três maiores influências. Não foi só o legado de Pasolini como cineasta que criou a ponte entre as secções do visual e do escrito mas também a sua influência como poeta, as suas opiniões determinadas sobre a linguagem. A língua mãe era por isso a escolhida e os escritores tinham um limite de palavras, o detalhe explicativo era eliminado. A ligação ao cinema continua na secção de textos com a inclusão de dois excertos de roteiros de cinema, a voz de um ator e a referência à música, através da letra dos COIL.
Uma vez impresso e encadernado, o visualmente rico 120 Dias de Sodoma Manfred Zylla transformado numa publicação difícil de classificar, como livro de arte encontrou o seu caminho e lugar nas prateleiras das livrarias dos museus de arte; o conteúdo do texto levou o livro até algumas bibliotecas de pesquisa e o seu rico conteúdo cinemático também assegurou a chegada a institutos e bibliotecas de cinema.
120 Dias de Sodoma Manfred Zylla é publicadopor rdmann Contemporary na Cidade do Cabo, África do Sul.
Texto de Trevor Steele, Aryan Kraganof, John Peffer, Chris Pretorius, Alessandra Atti Di Sarro, Professor John Higgins, Nicola Roos, Ludwig Binge, Antonín Mareš, Marlene Le Roux, Dr Nomusa Makhubu, Andrea Dicó, Niklas Zimmer, Caspar Greeff, Ivor Powell, Rafael Powell, Tim Leibbrandt, Pablo Cesar, Andrea Tapper, Stephen Thrower, Dr Ludmila Ommudsen Pessoa, Professor Rozena Maart, Erik Chevalier, Ashraf Jamal, Carsten Rasch, Hofmeyr Scholtz, James Matthews, Garth Erasmus, Cheng Qian, Cheng Haotian, Usen Obot y Paul Valentine.