Laura Pausini: Una modesta superestrella
Setembro 22, 2015Isabel Moreira, podem as constituições sobreviver como as conhecemos?
Outubro 2, 2015O movimento do 15M iniciou uma mudança social e política para a população espanhola. Dele surgiram partidos como Podemos, que têm conseguido reconfigurar a situação atual e trazer o senso comum perante o tradicionalismo político do país.
por Ana Ibares Frías
As manifestações do 15M acordaram os espanhóis de uma longa letargia e suas repercussões, em países como a Turquia, demonstraram que a população finalmente abria os olhos à crise em que vivia e que não ia permanecer impassível pelas ações dos políticos.
A sociedade espanhola anteriormente parecia observar alheia à situação em que se encontrava a nação. Espanha alternava entre populares e socialistas e, com diferente nível de consciência, falava-se em tradicionalismo, necessidade de mudança e programas políticos desatualizados; mas os resultados continuavam sendo assumidos com normalidade. A cena era um falatório mas ninguém levantava-se.
A corrupção, a crise social e política invadiam os partidos e os jornais começavam a mostrar uma realidade que se tornava de forma paulatina mais presente sem tomar conta das diferentes ideias dos grupos demográficos.
E foram os fatos de apontar as carências dos políticos e dizer bem alto o que todo o povo pensava os pontos chaves para que Podemos (e outros partidos que surgiram após) tenham conseguido um sucesso tão grande num período de tempo tão breve. Porem muitos especialistas destacam que Podemos usou uma ferramenta que tornou o partido em populista: a televisão. O 15M plantaria a semente do novo ativismo; mas a verdadeira estruturação do pensamento cidadão, a criação de Podemos e a eventual comparecência de seu líder, Pablo Iglesias, nos principais programas de debate conduziram à popularização da nova política de mudança. Mesmo assim, Armando de Miguel, sociólogo especializado em política, acredita que “não é a causa principal do populismo. Senão que isto acontece por uma carência que criaram os partidos tradicionais, que não souberam evoluir, e esse vácuo é preenchido por partidos populistas como Syriza, liderado por Alexis Tsipras na Grécia, ou Podemos”.
Como o especialista Fran Delgado destaca também, uma estrutura diferenciada dos outros partidos é necessária: “a partilha das funções e a atividade dos principais representantes de Podemos foi perfeitamente elaborada. É preciso não esquecer que estamos a falar em especialistas em ciências políticas, professores universitários que são cientistas sociais”. Aliás, voltam à antiga ideia do centralismo. Evitam se posicionar à esquerda ou à direita para demonstrar que as ações serão baseadas no interesse comum dos cidadãos. Isto representa um elemento fundamental pois os espanhóis sentem que não são políticos afastados da realidade social e, de alguma forma, estão trabalhando pelo bem comum. São eles mesmos que fizeram parte dos protestos do 15M e isso aumenta a credibilidade e a confiança no partido.
Os numerosos casos de corrupção, os “cartões black” e a falta de investimento em recursos básicos ajudaram os partidos da nova política a chegar tão longe. A população precisava de alguém para representá-los desde o interior das próprias instituições de poder.
Criaram a marca Podemos com termos chave tais como “casta”, “centrismo”, “comum”… e discursos mediáticos que não tinham propostas definitivas mas boas perguntas e argumentos. Nas eleições municipais de 24 de maio de 2015 protegeram esta marca como autênticos estrategas da comunicação política. O partido foi candidato em várias regiões defendendo lemas similares mas sob diferentes nomes, sustentando a ação com o programa eleitoral e, ao mesmo tempo, fugindo da influência da própria reputação mediática. Desta forma, caso não conseguissem uma votação representativa não seriam diretamente relacionados com o fracasso; mas na situação de resultarem ganhadores poderiam comemorar o êxito. Porém este fato tem sido criticado pelos partidos rivais, para muitos votantes de diferentes áreas significou a realização do fato democrático prévio de ler os programas eleitorais sem estarem condicionados pelo nome do partido. Neste contexto, o desconhecimento permitiu o destacamento das propostas por si mesmas, por cima dos nomes.
E esse é um fator importante. As propostas estão ao nível de entendimento dos cidadãos. O especialista Fran Delgado explica que a realidade foi simplificada com o fim dela resultar compreensível para todos, sem importar a situação cultural ou socioeconómica. Aliás “eles envolveram os cidadãos ativamente na política. Os tornaram cidadãos informados.” Podemos e outros partidos do novo enfoque político destacam pela variedade das posições que representam e pela participação reativa do povo que o permite decidir. As colaborações entre associações, partidos e ideias próximas entre si demonstram que existe algo parecido ao centro político ideológico, e que pode provocar a mudança de prefeituras e estruturas de governo que encontravam-se estancadas.
Ainda que o caso da Espanha é bastante destacável e tem resultado em uma realidade de possibilidades de mudança, a nova política invadiu a União Europeia e Grécia é o exemplo de como afrontar as instituições tradicionais. Alexis Tsipras partiu da ideia de quem provocar a crise tem que arrumar a situação. E desta forma acreditou que o povo –maior afetado pela precariedade- devia decidir a aceitação ou rejeição das pautas da UE. Quase 11 milhões de gregos disseram “não” às medidas propostas pela Comissão Europeia, o Banco Europeu e o Fundo Monetário Europeu em compensação pelo resgate.
Pablo Iglesias apoiou esta decisão e sempre tem estado perto de Syriza, mesmo que não são completamente afins. Principalmente, o partido grego é um acrónimo de Coligação da Esquerda Radical. Assim, este grupo estabelece uma posição clara da tendência social que visa defender. Entretanto, desde Podemos declarou-se em vários momentos fora dessa classificação: “Nós aspiramos a estar no centro do tabuleiro”, destacava Íñigo Errejón. Além disso, Podemos não é uma união de grupos, entanto que o partido heleno inclui vários agrupamentos políticos comunistas e da esquerda.
Mas ambos consideram a importância da dívida pública como um dos principais problemas que suportam as economias grega e espanhola. Além disso, os partidos pretendem “recuperar para o povo a soberania nacional” e nos discursos há predominação da austeridade como sistema de reforma económica.
Finalmente, Pablo Iglesias conseguiu e no 24 de julho anunciou-se oficialmente como candidato à Moncloa nas próximas eleições gerais. Agora é que realmente Podemos tem de demonstrar que tem logrado mudar a mentalidade política da Espanha. A corrida está na reta final e, mesmo pareça que os agrupamentos regionais precedessem uma perene impressão nas diferentes prefeituras, agora é que abordam o reto de atingir o governo de um país. As últimas pesquisas declaram líderes ao PSOE (Partido Socialista Obrero Español) e ao PP (Partido Popular), com o 23,5% e 23,1% respetivamente. Distanciados, Podemos e Ciudadanos, separados por dois pontos (18,1% e 16,0% respetivamente). Este mesmo estudo qualifica Pablo Iglesias como um líder pouco valorado. Será que a mediatização de Podemos “matou” seu líder e deixou simplesmente suas ideias? Podemos parece estar perdendo força no âmbito nacional, mas provocando mudanças menores porém mais efetivas e permitindo a aparição de líderes menos mediáticos porém mais próximos da sociedade.
Traduzido por José Luis Munuera García