Uma mulher, uma filha e a lembrança do pai.
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Maio 10, 2017No primeiro dos dois especiais sobre os ícones da música dos anos 80, Massimo Gava entrevista para DANTE o reconhecido cantor de Imagination, Leee John, ao mesmo tempo que teve o privilégio de acompanhá-lo nos shows que ele fez em Londres e Paris.
Vamos conhecer o homem atrás da voz de Body Talk e Just an Illusion.
Como você reconhece um grande artista da música?
Bom… Ele ou ela tem que poder cantar. Isto é algo que não vemos sempre. O intérprete deve ser sexy no palco sem atingir a vulgaridade; deve ser capaz de conectar com a plateia, fazendo brincadeiras sobre si mesmo, mostrando que não é preciso levá-lo demais a sério. E, sobre tudo, não deve falar em política ou religião, pois hoje já temos predicadores demais.
Vamos viajar uns meses atrás.
Agora, imagine uma cidade como Paris. E um evento -não um evento qualquer, num lugar qualquer, mas em La Cigale. Agora vás ouvir a música de Mistinguett, Maurice Chevalier, Yvonne Printemps e Arletty, simplesmente nomeando alguns dos grandes que conformam a históriadeste mágico teatro, construido na locação do antigo cabaré Boule Noire, no 120 do Boulevard de Rochechouart, no Arrondissement 18, onde Edith Piaf gravou La Rue Pigalle. Atualmente, foi tem sido palco para Adele, Eric Clapton, Coldplay…
Esta área da capital francesa é uma das minhas preferidas, pois passeando pelas ruas podes perceber ainda os tempos de Toulouse-Lautrec.
Assim, no dia 21 de outubro de 2016, eu não precisei usar a minha Imagination para reconhecer nos cartazes o nome de um dos melhores cantores dos anos 80.
Não, não era só uma Illusion: a imagem dele estava bem aí, no meio de música e brilhantes luzes. A minha mente viajou ao passado, e relembrei um dos primeiros vídeos musicais que vi quando eu era criança. Minhas lembranças trouxeram as músicas e os ritmos… E o meu corpo reagiu ao instante.
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Bom, meninos e meninas, mesmo havendo lido o título lá cima, é preciso esclarecer sobre quem fala este texto: uma lenda da música, o líder do grupo Imagination, Leee John, estava bem na minha frente.
O grupo vendeu mais de 30 milhões de discos em todo o mundo, e as músicas mais reconhecidas foram versionadas por grandes artistas como Mariah Carey e as Destiny’s Child.
Mas, voltando a Paris:
Realmente, eu queria conseguir um ingresso, mas o cartaz de “sold out” já tinha sido colocado.
Fingi que não o vi e entrei no teatro. Havia duas pessoas na minha frente na fila, e elas estavam fazendo a mesma pergunta que eu tinha intenção de fazer. E é assim que o destino te ensina que deves estar na hora certa e no lugar correto para ter sorte, pois os três últimos ingressos foram cancelados na última hora e nós poderíamos desfrutar do show.
A capacidade de La Cigale é de 1.400 pessoas (em pé) ou 954 (sentadas). Esse fato favorece a criação do ambiente íntimo com a plateia, e o Leee conseguiu sem dúvida atingir o maior vínculo possível.
Ele começou cantando algumas músicas antigas, misturando às vezes com algumas novas. O evento aproveitou o lançamento do último disco, Retropia, na França; e o início do tour em comemoração dos 35 anos de Imagination.
Desde o seu primeiro disco solo em 2005, Feel My Soul, com um estilo próximo do jazz clássico, Leee tem feito muitos shows fora do país dele. Ele também trabalhou em outros projetos, inclusive uma colaboração com a “Supreme” Mary Wilson, para a música Time to Move On.
Atualmente, Leee tem sido parte do super grupo conformado por “os melhores do Soul, Reggae e Rhythm and Blues do Reino Unido”. Neste coletivo também participam músicos como Junior (Giscombe, de Mama Used to Say) ou Omar (responsável pelo sucesso There’s Nothing Like This).
Aliás, John produziu e dirigiu o filme documentário Flashback: The History and Development of U.K. Black Music, que será apresentado no Festival de Cannes em maio de 2017.
Quando Leee interpretou as músicas de Feel My Soul, a voz dele foi absolutamente espetacular. A noite inteira foi muito divertida, pois o cantor soube entreter como um bom anfitrião, contando anedotas e falando diretamente connosco, de um jeito muito próximo.
O novo CD Retropia, foi estreado na França. É uma perfeita combinação de soul, funk, jazz, com um toque retro; uma mistura que mostra uma grande maturidade no estilo e nas harmonias. A estreia no Reino Unido será no 9 de junho, e a seguir em mais países.
O espetáculo continuou durante mais de duas horas, parecendo que nem o Leee nem a plateia tinham suficiente. Mas, infelizmente, tudo que é de bom, acaba.
Um jornalista francês que estava do meu lado mostrou-se surpreso porque o cantor introduziu várias versões de músicas de outros artistas durante o show. Quando eu tive a chance de lhe perguntar pessoalmente, Leee me disse que ele sentia que tinha o direito de fazê-lo e que queria se divertir connosco, mesmo quando os músicos que o acompanhavam tinham de se adaptar rapidamente às improvisações do vocalista. O nível musical no palco era insuperável.
“É isso que é um show ao vivo”, afirmou ele quando fui assistir o show de novo, nessa vez no Jazz Café de Londres. “É importante para mim capturar esse sentimento que há com a plateia e devolver a energia que eles estão me enviando. É parte de um respeito comum a eles e a mim mesmo”.
Não são muitos os artistas que têm a confiança para fazer isso. As vezes, alguns querem disfarçar uma carência na capacidade vocal com luzes, efeitos, dançarinos, etc. Mas é aí que existe a diferença entre um produto musical e um artista. Todo o mundo é livre de escolher o que consumir, mas eu procuro aquilo que tem substância e provoca uma satisfação duradoura. No caso do Leee, esse sentimento está presente em tudo o que ele faz.
Se quiseres assistir a entrevista completa a Leee John, e dar uma olhada no show em La Cigale, deves acessar o nosso canal de YouTube ou visitar o site www.dantemag.com.
Para consultar informação sobre as datas dos futuros shows, veja http://www.leeejohn.com/gigguide/index.htm